A Cielo soltou ontem o balanço anual de 2019. O resultado veio abaixo das expectativas. O lucro líquido fechou o ano em R$ 1,5 bi, abaixo do guidance lançado no começo de 2019 de R$ 2,6 a 2,3 bi. Isto mostra que é muito difícil prever o que acontecerá no mercado de meios de pagamentos com tantas novas regulações (especiamente o modelo full acquirer) e tecnologias disrruptivas (pagamentos instantâneos, apps de pagamentos como mercado pago, ame, picpay).
Então aqui vão minhas considerações sobre o assunto:
1) Stone e UOL vieram com sangue nos olhos, muito dinheiro de aportes, do IPO em dólar e com estrutura bem enxuta para ganhar share com rentabilidade (margem líquida 20 a 30%) mesmo tendo taxas menores do que a CIEL. No final do dia, é um mercado comoditizado, quem tem menor taxa leva o cliente.
2) Adquirência é o elo mais fraco do ecossistema Visa/Mastercard. As bandeiras e emissores são bem mais resilientes. Meios de pagamento são impermanentes, pergunta para alguém mais novo se ele já assinou um cheque na vida.
3) O mercado livre vem aí esse ano competir nesta área. E vem com muitos clientes...
4) Dito isto, a Cielo pode a qualquer momento cortar custos e parar de crescer nas top lines do DRE (Volume, Receita) e melhorar as bottom lines (Lucro líquido, EBITDA, margem líquida). Ainda domina o mercado (maior market share).
5) Os EUA são uma janela para o futuro. Sendo o país mais capitalista e liberal do mundo, cultura de trabalho, "american dream" a competição é maior. Tem muita gente boa do mundo todo morando lá e querendo ganhar dinheiro. Este processo de perda de margem das acquirers vem desde 2013 por lá. As margens destas empresas como Worldpay/Vantiv, FirstData, Elavon são bem apertadas (<10%) e até negativas.
6) Este processo de maior concorrência é bom para quem quer ter uma maquininha, varejistas, empresas. As margens sairam da Cielo e Rede para serem pulverizadas entre os comerciantes, profissionais liberais etc e a concorrência.
M.I